Estou pensando no filme “AO
MESTRE COM CARINHO” que me faz volver e remexer no acervo do meu passado.
Há em
tudo o que realizamos neste mundo um pouco de cada professor ou professora que
nos ensinou a galgar, degrau por degrau, a escalada desta vida. Uns mais,
outros menos, e, até aqueles que pouco nos influenciaram. O mestre nunca será um
robô porque não age de maneira autônoma. Aquele que assim procede passará indiferente
e será desligado como qualquer utensílio doméstico. Os que nos magoaram com
comparações e palavras desestimulantes ficarão nos porões da nossa mente - empoeirados.
Lembro-me
da primeira vez que fui à escola com a minha irmã. Mamãe nos tomou pelas mãos,
adentrou a sala de aula perante uma plateia inteiramente de pé - em sinal de
respeito- e, nos entregou a professora Alice: – Professora, aqui estão minhas filhas.
Em casa eu sou a mãe, aqui a mãe é a Senhora. Se merecerem use de toda autoridade.
Autoridade
significava ficar de pé em frente à parede, levar reguadas, beliscões, puxões
de orelhas, perder o recreio, ficar no final da aula estudando até decorar a
lição, ou, levar bolos de palmatória. O coração disparava e o rosto corava de
vergonha, medo e respeito. A palmatória era usada também pelos alunos durante a
sabatina. Perfilados, um aluno sabatinava ao outro sobre a lição do dia: Nome de
capitais ou multiplicação. Se o arguido errasse a resposta, levava um bolo do
colega que respondia corretamente e passava a férula ao seguinte. Literalmente
se dava mão à palmatória.
O
mesmo rosário de minha saudosa mãe se repetiu com a professora Odete, Aline,
Clonisa, Ieda, até que se completasse o primário. Nem todas usavam castigos
físicos, mas, impunham respeito.
Tive
sorte! Encontrei mestras que não se limitaram às bagagens contidas nos livros
didáticos. Iam muito além... Viajei com meus colegas pelo mundo encantado da música,
teatro, poesia, brincadeiras recreativas e passeios pelas fazendas de cacau da
região.
Em
cada professora encontrei uma mãe carinhosa, conselheira e amiga. Guardo
relíquias de saudades, conhecimentos e preparação para a vida.
Hoje
temos, como mestras e mestres, muito mais a ensinar. Ensinar aos pais como
eles devem instruir seus filhos a respeitarem e a amarem aos seus professores
como se eles fossem um segundo pai ou uma segunda mãe.
Exigir
dos governos remuneração digna do professor que é a fonte primeira de todas as
profissões, a propagação do conhecimento humano, o desenvolvimento e
crescimento de toda a ciência, a inspiração e o despertar
das faculdades criativas e intelectuais do ser humano.