terça-feira, 27 de junho de 2017

"O HOMEM É O LOBO DO HOMEM"




A humanidade quer vinda de Adão e Eva, há seis mil anos ou que os Dias da Criação tenham se estendido a eras geológicas ou milhões de anos, o que mesmo me intriga é pensar que a humanidade tenha progredido tão pouco em relação ao amor, a caridade, a fraternidade, distanciando-se cada dia mais da evolução espiritual a que viera até revestir-se inteiramente de luz.
A fome campeia a larga, as guerras se estendem e se multiplicam dizimando milhões de seres humanos e crianças inocentes.
Patriotas são banidos de seus países de origem por questões étnica, racial ou discordância religiosa. Tudo em nome do mesmo Deus que em sua Essência e por Excelência é puro amor.
Fugitivos das guerras lotam embarcações e milhares morrem afogados e poucos conseguem chegar a lugar nenhum. Tornam-se apátridas em terras estranhas de línguas e costumes diferentes. Países fecham suas fronteiras e multidões, sem futuro algum, morrerão nos mares em frágeis embarcações, ou em barracas improvisadas a mercê da fome, das epidemias, do calor infernal ou do rigoroso frio. O genocídio e os campos de concentração proliferam a olhos nus. 
A exemplo - O Brasil vive neste momento a a maior crise de refugiados vindos da Venezuela.  40 mil aportaram em cidades de Roraima duplicando a população que já sofre a falta de oportunidade e empregos. Quatro crianças nascem por dia em terras brasileiras. O sarampo é uma nova ameaça. Entraremos num colapso social e não podemos deportar os nossos irmãos venezuelanos.
O avanço tecnológico supera-se a cada dia e, à proporção que cresce e desenvolve, a humanidade torna-se mais fria, calculista e desumana. 
Desde que o homem descobriu o poder da superioridade armazenando o excedente, as desavenças e lutas por terra e riquezas deram início às guerras.
As primeiras armas de ataque e defesa eram paus e pedras até  desenvolvemos as mais sofisticadas e mortíferas armas em cada país.
‘’Plauto (254-184 a.C.) já afirmava: "Lupus est homo homini non homo".  “O homem é o lobo do homem.” Trocando em miúdos: O homem é o maior inimigo do próprio homem. 
Com a “involução da evolução” passamos por vários estágios no mundo bélico, desde as armas de fogo às Guerras Bacterianas – lembrando as pragas do Egito – armas químicas, a Laser, Atômicas, Guerras Frias até o aprimoramento a que hoje chegamos das Guerras Cibernéticas. Basta apertar uma tecla para que o mundo todo entre em colapso, paralise ou desapareça da face da terra. Tornamo-nos reféns de nós mesmos. 
Infestado pelo vírus da ganância e da sede de poder, o homem fará a destruição do próprio homem atingindo o extremo da corrupção, do cinismo e do egoísmo incontrolável.
Entre todas as batalhas a que mais devasta é a guerra moral porque destrói valores, honradez e rouba o futuro da juventude que, marginalizada, sem lar, sem escolas e sem o amparo social busca refúgio nas drogas afundando na mais completa alienação.
A ambição desmedida, a corrupção escandalosa, a falta de ética e de moral torna-se a mãe de todas as guerras.

Transcrevo aqui os versos de Carlos Drummond:
"CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."

Rio,27 de junho de 2017.
Jailda Galvão Aires.