Vindos de arraias e cidades pequenas aonde à rua era o playground da meninada, ao conhecer o Mirante não hesitamos um só instante em oferecer aos nossos filhos, Leonardo, Junior e André Luiz, a oportunidade de ter, como eu e Antônio Carlos, uma infância repleta de espaço e segurança.
Em 1980, moramos inicialmente no Bloco 1 onde mais tarde nasceu a nossa menina Graciela.
Assim que nos instalamos no apartamento ora alugado, descemos, ao entardecer, para conhecer a maior área de lazer de Copacabana. Começamos pelo Salão de Festas e ali vivenciamos grupos de condôminos jogando dama, carteado e xadrez intercalados por conversas e sorrisos.
Logo abaixo do salão de festas, mais uma alegria nos encheu a alma. Ali, crianças e jovens acompanhados de seus pais dividiam jogos de bilhar, totó e outros brinquedos para os pequeninos.
(É bom lembrar, que nesta época, os computadores só existiam nos escritórios e o celular que hoje separa os presentes e une, virtualmente, os ausentes; também contribuiu para que as crianças deixassem as alegres e sadias brincadeiras no play).
À nossa frente deparamo-nos com uma quadra esportiva, totalmente iluminada, onde jovens moradores jogavam basquetebol, voleibol ou futebol de salão.
Para participar de qualquer lazer, incluindo a piscina era preciso apresentar uma carteirinha com os nomes dos moradores ou dos visitantes.
Exatamente aqui, entra as figuras inesquecíveis de Jines e Dade. Era o casal mais animado de todo o condomínio conseguindo com o bendito vírus da alegria, contagiar a todos.
Não se pode falar do Mirante sem que se lembre de toda a família, exemplo de moral, honradez, vizinhança, participação e alegria de viver.
Hoje, dedico esta página ao saudoso Jines que resolveu deixar a terra para alegrar o céu.
Quem não se recorda de Jines, alegre, conversador, o Papai Noel das noites natalinas e o elegante padre dos casamentos da roça em todas as Festas Juninas ?!
Ao som da sanfona, Jines dançava à noite inteira até o raiar do dia. Ninguém tinha pique para acompanhar o mais festeiro dançarino.
Um belo dia, numa manhã de Natal, alguém tocou a porta. Ao abrir lá estava o bonito Papai Noel, magro, elegante, desbarrigado, com aquele sorriso farto nos lábios. Antes que Jines fizesse o ho ho ho, dei-lhe um sinal, corri ao quarto peguei o brinquedo da minha pequena, que logo foi colocado no saco que trazia às costas. Fechei a porta e a companhia voltou a tocar. Chamei a Graciela, com três aninhos apenas, e disse-lhe: "Filha, abre a porta para a mamãe e ela prontamente obedeceu".
Ao dar de cara com o Papai Noel de verdade, ali a sua frente, foi tomada por uma alegre e inesquecível surpresa daquelas que marca para sempre a nossa vida. A menina irradiou de felicidade e Papai Noel foi alegrar outras crianças!
Como
esquecer o Jines se todas as manhãs de sábado, domingo e feriados ele interfonava
para os amigos do futebol e do fresco-tênis que desciam ao seu comando.
Confesso
que muitas vezes tive que brigar com os papais atletas para que deixassem um
espaço para os seus próprios filhos.
Os
anos foram passando, a idade foi chegando e os atletas começaram a aposentar as
chuteiras. A quadra ficou vazia. Os amigos, pouco a pouco, aconchegaram-se nas
cadeiras da piscina onde se alegram até hoje. Jines, como um guerreiro,
continuou insistindo até que um dia reconheceu que o futebol acabou e com ele o fresco-tênis.
Jines
foi dia a dia entristecendo, aguardando a alegria do natal e as festas juninas. De
conversador e festivo recolheu ao seu mundo.
Não
sabemos dizer o que foi mesmo que fez parar Jines
e não podemos também culpar a idade que pouco a pouco foi aposentando a quadra de futebol.
e não podemos também culpar a idade que pouco a pouco foi aposentando a quadra de futebol.
Só
temos uma única certeza: O MIRANTE jamais se esquecerá da grande figura que foi
Jines e a sua alegria ressoará como um sino em nossos corações em todas as
partidas de futebol, nas noites de Natal e nas alegres Festas Juninas.
Vai
em paz, Jines, tendo a certeza que estarás presente para sempre nas festivas
lembranças do MIRANTE DE COPACABANA.
Rio, 31/01/2019
Jailda Galvão Aires.
Rio, 31/01/2019
Jailda Galvão Aires.