sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

ALFEU AMARAL- A NOSSA SAUDADE.



Acabei de ler, no FACE, postado pelo jornalista Paulo Santana, a triste notícia do falecimento de Alfeu Amaral. 
Deixei Coaraci no dia 15 de fevereiro de 1975. Casei com o conterrâneo Antonio Carlos Aires e logo viajamos para o Rio aonde residimos até hoje.
 Vivi em Coaraci toda a minha juventude repleta de alegrias, conquistas, adentrando todas as portas que se abriram, na época, para as crianças, para os jovens e os adultos. Foram 27 anos bem vividos nesta inesquecível Terra do Sol. 
Hoje ao ler a notícia que o nosso irmão Alfeu está entre as estrelas declamando seus versos, não pude deixar de falar um pouco sobre ele – um personagem que conquistou o seu lugar ao sol nesta cidade onde despontam tantas figuras que só enaltecem a nossa querida Terra do Sol. Alfeu foi uma delas.
Onde tivesse um aglomeramento, uma festividade, um acontecimento lá estava Alfeu, com sua máquina fotográfica plasmando os momentos inesquecíveis para que a poeira do tempo não os apague jamais.
Estava nos comícios, nas assembleias, nas posses, nos desfiles do sete de setembro, nas micaretas, nas festas dançantes dos Clubes da cidade, noivados e casamentos, nos enterros e em todas as homenagens religiosas, cívicas ou patrióticas.
Retrato aqui, momentos juvenis testemunhando apenas duas décadas, de convivência  entre os jovens que com sua criatividade, movimentavam esta pequena cidade. Entre a "jovem guarda" estava sempre presente o homenageado de hoje.
Daria um livro se fosse descrever as décadas que se seguiram.
Falo de um tempo em que fizemos peças teatrais no palco do cine Coaraci e clube social, dirigidos pelas inesquecíveis mestras Aline dos Reis, Clonisa e entre tantas outras, a professora Leda Ramos. Enquanto crianças e jovens encenavam no palco, Alfeu entre outros fotógrafos da época, não deixava escapar uma única cena, das quais tenho ainda algumas cuidadosamente guardadas.

Estávamos na década de setenta e com elas vieram os Festivais da Canção, dirigidos por Luiz Marfuz, que também, participou como letrista. Nesta época Alfeu não só participou como criou o slogan que marcaria os festivais. Na foto à cima vemos a genialidade apostada num cacau, símbolo do sul da Bahia, tocando um violão. Assim era Alfeu empreendedor e participativo. O Slogan simbolizou os três festivais que aconteceram com a participação dos jovens Coaracienses e de todas as regiões da Bahia. Momentos em que a cidade fervilhava em torcidas calorosas. Alfeu participou e fotografou tudo.
 Quando o “Arauto,”  jornal que 1969/1970 se fez presente em apenas quatro tiragens, por falta de verbas, lá estava ele fotografando e contribuindo com a propaganda; “ FOTO ALFEU” para que o Arauto circulasse. (Foto acima)
Alfeu quer fosse como alfaiate ou como fotógrafo fazia bem tudo o que se despusesse a fazer porque a sua criatividade jamais fora aprisionada. E assim o foi com as letras com a poesia e como escritor. Uma grande perda para Coaraci que hoje guarda na Biblioteca dos autores conterrâneos mais um nome que enriquece o mundo das letras.
Alfeu, você fotografou a vida do povo coaraciense para que ela mão fosse esquecida pela posteridade, mas nós, coaracienses, onde estivermos, teremos plasmado em nossos corações a figura de uma pessoa que soube viver e enriquecer a vida.
Descanse em paz.
Rio, 15 de fevereiro de 2019.
Jailda Galvão Aires.