quarta-feira, 30 de outubro de 2019

La Malaguena

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CASIMIRO DE ABREU-Patrono do ALBAP


 Escolher como Patrono, Casimiro de Abreu foi além da admiração que nutro desde a minha infância e a soma de algumas coincidências: Casimiro é patrono da cadeira nº. 6 da ABL. Fui premiada com a cadeira de nº 60 na ALBAP.
“ Casimiro José Marques de Abreu se destacou na Segunda Geração do Romantismo. Nasceu na Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839.
 Aos 13 anos seu pai o enviou a cidade do Rio de Janeiro para trabalhar no comércio.
Temendo que ele abraçasse a carreira literária seu pai o enviou a Portugal para que ele tomasse gosto pelo comércio. Quatro anos depois em janeiro de 1856 é encenada em Lisboa a sua primeira peça teatral Camões e o Jaú
Retorna ao Brasil em 1857 e mesmo trabalhando no comércio do Rio de Janeiro passa a conviver com vários intelectuais tornando-se amigo de Machado de Assis, ambos com 18 anos de idade.
Em 1859 publica seu único livro de poemas “As Primaveras”.
Abraçando a vida boêmia, contrai tuberculose. Aconselhado pelo médico vai para Nova Friburgo tentar a cura da doença. Não resistindo, morre no dia 18 de outubro de 1860, com apenas 21 anos de idade.”
Resido com minha família desde 1975 no Rio de Janeiro. Casimiro de Abreu estudou em Portugal, país dos meus encantos, do fado e dos grandes escritores, dramaturgos e poetas.
Casimiro de Abreu viveu os poucos anos de sua juventude aqui, na Cidade Maravilhosa Capital Cultural do Brasil.
Como ele, sou filha de comerciantes. Estudei longe dos meus pais e manos e nas horas de saudades eu declamava seus versos: 
“Debalde eu olho e procuro.../Tudo escuro/Só vejo em roda de mim!/Falta a luz do lar paterno/Doce e terno,/Doce e terno para mim.”
Nasci num pequeno povoado cercado de fazendas no sul da Bahia e ali vivi como se eu tivesse brincado com “ele” nas linhas travessas e ingênuas do seu mais conhecido poema: “Meus Oito Anos”
Contei estrelas no céu, cantei cantigas de rodas, escrevi poesias e encenei peças teatrais.
Tive o aroma de todas as flores, e nas tardes  fagueiras, corri pelas montanhas, atrás das “borboletas azuis.”
Cacei vaga-lumes e descansei “à sombra das bananeiras,”   e “debaixo dos laranjais.”
Colhi pitangas e saboreei mangas no alto das mangueiras.
Descalça, corri pelas pela campinas e brinquei com as espumas do mar.
O céu era sempre “um manto azulado” "bordado de estrelas."
Não conhecia e nem vivia “as mágoas que eu trago agora.”
A vida era doce como um sonho dourado repleta de manhãs risonhas.
Guardei todos “os conselhos de minha mãe” que, docemente, me ensinou a rezar.
Livre, brinquei com a garotada como um “livre filhos das montanhas.”
Para mim a vida era mesmo “um hino de amor”
À noite, à luz de um candeeiro, aconchegada à rede com meus irmãos "adormecia sorrindo" com o meu pai a cantar: Meus Oito Anos Casimiro de Abreu.
          ...
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!” ...
      Rio, 30 de outubro de 2019.

          Jailda Galvão Aires.